CÂMARA CASCUDO NO SOLO SAGRADO DA MEMÓRIA
Mariana Giardini Beti
Bolsista de Iniciação Científica do Projeto Modernos Descobrimentos -
PUC-Rio
Introdução
O projeto de pesquisa orientado pela professora
Margarida de Souza Neves, que tem como título O Encantamento do Passado.
Luís da Câmara Cascudo, Historiador, conclui mais uma etapa de seu
desenvolvimento e esse relatório é mais um de seus frutos.
Iniciado em março de 2001, o projeto tem como principal objetivo trabalhar
com o lado menos conhecido de um dos maiores folcloristas do Brasil, Luís da
Câmara Cascudo, na cultura brasileira: seus caminhos percorridos no campo da
História.
O projeto, que envolve o trabalho de uma equipe
que foi formada pela Coordenadora do Projeto Professora Margarida de Souza
Neves, contando com a participação de Heloisa Serzedello Corrêa (mestre
professora do Departamento de História da PUC-Rio, pesquisadora em caráter
voluntário a partir de agosto de 2000) e Silvia Ilg Byington (mestre em
História a partir de fevereiro de 1999, professora do Departamento e
pesquisadora da equipe a partir de março de 2000). Constituem ainda este
grupo, Mirella De Santo Faria (formada em História pela PUC-Rio em julho de
2001), Luiza Laranjeira da Silva Mello, Tatiana Moreira Campos Paiva, Camila
Lembo Ribeiro e Isabel Tibiriçá (todas graduandas em História pela PUC-Rio
com bolsa de iniciação científica CNPq- quotas do Projeto Integrado de
Pesquisa, PIBIC e FAPERJ).
O objetivo pretendido é aprofundar o que pode
representar a história no conjunto da produção de Cascudo e em seu perfil
intelectual. Trata-se de verificar o sentido e o alcance de sua produção
historiográfica múltipla no conjunto de seu projeto intelectual. A hipótese
de trabalhar com Cascudo Historiador efetivou-se ao longo do desenvolvimento
de um projeto de pesquisa anterior quando pudemos verificar que Cascudo
publicou diversos livros de cunho histórico e que faz de suas obras –
sobretudo de seu trabalho como folclorista e etnógrafo – uma forma de
descobrir o Brasil, na medida que desenha uma identidade para o Brasil e
para os brasileiros. Essa produção historiográfica ou relacionada com a
história foi classificada por nós em quatro grandes conjuntos, sendo que meu
interesse é pelas obras memorialísticas desse autor, percebendo sua relação
com a história.
Meu particular estudo no presente relatório
pretende relacionar memória e história, com base nos livros memorialísticos
e de história de Cascudo, demonstrando a contradição existente na sua
maneira de fazer História e a estória que faz de sua própria vida.
Quando analisamos a obra de Cascudo percebemos que o autor utilizaria o
registro memorialístico para a construção de sua persona, como se
antevisse uma possível consagração futura, e ao mesmo tempo para desenhar
uma identidade para o Brasil, ao construir uma memória coletiva para o país.
Cascudo assim constrói sua própria memória e, ao fazer isso, estabelece uma
relação com a história na medida em que ao narrar sua própria vida revela,
tanto pela seleção daquilo que inclui nesses textos quanto por seus
silêncios e omissões, como se vê a si próprio na história vivida, como lê o
tempo em que lhe toca viver, como relaciona os diversos espaços por onde
circula, como entende a função do intelectual na vida social. Enfim, como vê
a história passar por dentro de sua própria vida e como percebe o sentido
histórico de sua existência.
A relação entre memória e história é um tema,
que nos dias de hoje, aparece com grande freqüência nos trabalhos de
diversos historiadores, tendo despertado meu interesse. Não é difícil
perceber a existência de uma relação aparentemente natural entre esses dois
campos, já que para ao fazer história estamos permanentemente recorrendo à
memória, e ao mesmo tempo ao fazer história estamos construindo uma memória
para o futuro. A relação entre os dois campos é de tal forma direta que
permite a confusão dos conceitos e os limites da fronteira de quando uma
lembrança deixa de ser memória e torna-se história podem se confundir. A
memória é a matéria-prima da história, que em conseqüência é o encadeamento
dos fatos memoráveis. Assim, a história é uma seleção da memória e é também
sua forma acadêmica. Mas não podemos esquecer que a própria memória é
seletiva, já que não lembramos de tudo que aconteceu. Não podemos
cometer o erro de confundir esses dois conceitos, atitude freqüente, na
medida em que o ofício do historiador é construir memória, ou podemos dizer
que a matéria prima do historiador é a memória.
Jacques Le Goff aponta que os conceitos de memória e história tendem a se
confundir até os dias de hoje. Esse autor nos lembra que, como leitura do
real, a história é sempre construção da memória coletiva, e nela, como em
toda memória, entrecruzam-se o “objetivo e o subjetivo; o registro e a
criação; a lembrança e o esquecimento.”[1]
Mesmo com as dificuldades inerentes ao fato de
lidarmos com conceitos polissêmicos tais como memória e história, é
importante a tentativa de definir as noções centrais para o trabalho. A
memória é, para alguns, uma faculdade de reter idéias, impressões e
conhecimentos adquiridos anteriormente, é natural do homem, intrínseca a
ele. Já a história é uma ciência e método que permite adquirir e transmitir
conhecimento, ou seja, depende de uma elaboração humana.
Problematizando a questão da memória, Jacques Le Goff, consagrado
historiador medievalista francês contemporâneo, define memória em seu artigo
para Enciclopédia Einaudi como “não só a ordenação de vestígios, mas
também a releitura desses vestígios.”[2]
Ou seja, a memória não é somente lembrança e esquecimento, ela é também – e
principalmente - uma construção. E o que seria a história? De acordo com o
mesmo autor, algo bem parecido com o conceito de memória:
“existem dois tipos de história: por um
lado, a história a que chama ‘objetiva’ e que é a série de fatos que
nós, investigadores, desenvolvemos e estabelecemos com base em certos
critérios objetivos universais no que respeita às suas relações e
sucessões e por outro lado, a história a que chama ‘ideológica’ e que
escreve e ordena esses fatos de acordo com certas tradições
estabelecidas”.[3]
História e memória também se aproximam na
medida em que para se fazer história recorremos a todos os lugares de
memória existentes. Pierre Nora, outro historiador francês contemporâneo que
refletiu sobre esse tema, aponta em seu texto “Entre a memória e a história.
A problemática dos lugares”[4] que nos dias atuais não existe mais
memória, já que para este autor a memória verdadeira se encontrava
presente apenas nas sociedades ditas primitivas, sem a escrita. O autor
afirma que nos dias atuais possuímos apenas lugares de “memória”,
conceito que propõe e que remete aos espaços físicos ou simbólicos em que a
sociedade e os homens de nosso tempo procuram – voluntariamente - construir
memória. Nas palavras dele:
“A memória é a vida, sempre carregada por
grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à
dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas
deformações sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações,
susceptível de longas latências e de repentinas revitalizações. (...) A
memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente.”[5]
Aproximando os dois autores, de acordo com Le
Goff a memória da sociedade reside simultaneamente nos depositários da
história objetiva e da história ideológica. E, segundo Nora, essa memória
encontra-se em lugares específicos, os lugares de memória. Assim, mesmo sem
serem sinônimos perfeitos, memória e história apresentam uma íntima relação:
como a memória é seletiva, a história também o será. Assim como a memória é
construção, “fiel e móvel”, segundo Le Goff, a história também o
será. A memória, como a história, é um campo no qual se cruzam esquecimento
e lembranças, invenção e registro, projeto e identidade, ficção e realidade.
Esta estreita relação entre história e memória pode ser claramente
identificada nas obras de Cascudo. Percebemos, ao longo da pesquisa como já
foi dito, por um lado uma enorme preocupação do autor na formação de uma
memória coletiva, construindo assim uma identidade brasileira e, em
particular, um projeto para o Brasil na perspectiva do pensamento
conservador brasileiro; quanto, por outro lado, a publicação de vários
livros e outros escritos onde pretende deixar fixada uma memória pessoal, ou
seja, textos escritos para a construção de sua persona de intelectual
polifacético, reconhecido internacionalmente e cioso de seu lugar
provinciano no cenário intelectual brasileiro.
Esse aspecto da produção de Câmara Cascudo, identificado pelo grupo de
pesquisa como uma recorrente preocupação com o reconhecimento futuro do que
ele pretendia representar na vida cultural de seu país, não causa
estranhamento. Novamente recorro a Le Goff, que nos diz que:
“A memória foi posta em jogo de forma
importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornar-se senhores da
memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes,
dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades
históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores
desses mecanismos de manipulação da memória coletiva”. [6]
Memória e História Pessoal
O maior interesse desse pesquisador e estudioso da cultura popular é
resgatar o passado e registrá-lo como tradição, fazendo folclore e
etnografia. A tradição representa muito mais que o passado, representa a
possibilidade de encontrar uma “origem” – conceito caro a Cascudo e
que, mais que a localização de uma temporalidade originária do Brasil e dos
brasileiros significa a identificação das relações de nossa cultura com a
cultura universal - e, para captá-la Cascudo torna-se um homem-memória. A
hipótese que pretendo desenvolver é que o poder que é inerente a um
homem-memória reconhecido como tal pela sociedade em que se insere fez com
que Cascudo se preocupasse constantemente e intensamente com a memória que
iria deixar de si mesmo, negando, de certa forma, toda sua filosofia acerca
do que é fazer história. Mas para um maior embasamento dessa hipótese,
precisamos primeiro saber quem foi Cascudo, e em seguida o que ele entendia
como o labor do historiador.
Luís da Câmara Cascudo, mais conhecido como folclorista e etnógrafo, talvez
devido a sua obra fundamental que é O Dicionário do Folclore Brasileiro[7], texto de consulta obrigatória para todos que
se interessam pela cultura popular nacional, chegou a escrever mais de 150
livros, nos deixando a certeza de que possuía uma enorme preocupação com o
registro escrito. E os caminhos por ele percorridos não ficaram presos ao
folclore: considerado um autor polígrafo, Cascudo possui escritos de cunho
memorialístico, histórico, biográfico, muitas biografias, literatura, e é
claro, folclore e etnografia. Nas horas vagas, como registra em sua
memorialística, Cascudo era um pesquisador incansável e um correspondente
compulsivo.
Cascudo, que é natalense, nasceu a 30 de dezembro de 1898, na antiga Rua das
Virgens, no Bairro da Ribeira. Seu pai, o Cel. Francisco Cascudo, era um dos
homens mais ricos de Natal, logo cedo deu todo apoio ao interesse pelas
letras do seu filho, adquirindo obras, até no estrangeiro e fundando um
Jornal, "A Imprensa", para que o curioso jovem pudesse desenvolver suas
qualidades intelectuais de escritor.
Como relatam seus biógrafos, Luís da Câmara Cascudo freqüentou a Faculdade
de Medicina da Bahia até o 4° ano, e depois mudou de carreira freqüentando o
curso de Direito, na Faculdade de Direito do Recife. Segundo ele próprio
afirmava em seus relatos memorialísticos, nunca exerceu a profissão de
advogado, no entanto, com os conhecimentos adquiridos no curso universitário
e os estudos posteriores que realizou, tornou-se professor emérito.
Foi sua a iniciativa de fundar a Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, e o
ato fundacional dessa instituição que reunia e reúne os letrados
norte-riograndenses realizou-se em sua própria residência, a 14 de novembro
de 1936. Anos mais tarde, fundou a Sociedade Brasileira de Folclore, em
Natal, da qual foi o presidente. Pertenceu a todos os Institutos Históricos
e Geográficos do Brasil, inclusive o do Rio Grande do Norte, onde era Sócio
Benemérito. Era associado a várias entidades culturais do Brasil e do
exterior, além de possuir várias condecorações e títulos honoríficos.
O autor múltiplo e polígrafo, era na intimidade famoso por passar as noites
em claro, lendo e escrevendo, por isso, nunca atendia visitantes na parte da
manhã. Especialmente nas últimas décadas de sua longa vida, havia verdadeira
romaria de personalidades, estudiosos, estudantes ou, simplesmente de
curiosos que desejavam conhecer o grande mestre. A todos – faz questão de
sublinhar em seus livros de memória – ele atendia com benevolência, embora
já estivesse no fim de sua longa vida:
“Aos 70 anos sinto ao derredor de mim, não
la rebelión de las massas, de Ortega Y Gasset, mas a indisciplina do
material de outrora fiel ao meu comando. (...) Pernas, dedos, olhos,
servem precariamente, em visível e parcial ignorância ao imperativo da
Vontade, ineficiente para a obediência muscular.”[10]
Repete uma e outra vez que sempre tinha à mão
caneta e folhas de papel nas quais as questões a serem estudadas, os dados
pesquisados, as referências iam sendo anotadas. E, enquanto tirava longa
baforada de seu charuto, ia respondendo as questões de seus interlocutores,
escrevendo compulsivamente, lendo, produzindo seus livros e artigos.
Como podemos contar um pouco da história de uma pessoa que já faleceu? Como
podemos dizer que Cascudo tinha a personalidade excêntrica pela qual ficou
famoso, com mania de fumar charutos e responder a todas as cartas? A única
forma de conseguirmos escrever uma pequena biografia que seja, de qualquer
pessoa, inclusive a de Cascudo, é recorrendo à memória e à documentação
histórica. E para isso existem vários caminhos: contato com familiares e
amigos ainda vivos, relatos que o próprio autor deixou por meio de vídeos,
cartas, fotografias, sua casa, seus livros, etc. Como diria Nora, ao
circular pelos lugares de memória – no caso, da memória individual - é
possível identificar as pegadas de uma história de vida.
No caso de Câmara Cascudo, conhecer sua personalidade – ou ao menos a versão
dessa personalidade que quis deixar para a posteridade – não é uma tarefa
difícil. No decorrer da pesquisa pudemos perceber a enorme preocupação do
autor em deixar uma memória construída de si mesmo.
Cascudo escreveu livros e artigos de cunho memorialístico, e quatro deles
foram recentemente republicados em Natal, por ocasião do centenário de seu
nascimento em 1998 e que se intitulam: O tempo e eu, publicado
originalmente em 1968; Pequeno Manual do doente aprendiz: notas e
imaginações, livro de 1969, escrito por ocasião de sua internação
hospitalar para tratamento de saúde; Na ronda do Tempo: diário de
1969, publicado em 1971; e Ontem: imaginações e notas de um professor de
província, o último a ser publicado, em 1972, portanto, quando o autor
já completara seus 74 anos de idade. Na maioria destes livros encontramos
pequenos flashes de memória que registram, como ele mesmo diz, “encontros
sucessivos com pessoas e coisas, pensamentos e paisagens, idos e vividos”[11].
Chamadas por ele de “peregrinação ao derredor de mim mesmo”[12], as obras marcam passagens de sua
vida que constituem o seu universo de memória afetiva. Somente com a leitura
destes livros temos acesso ao registro que fez de passagens significativas
de sua vida, e, como sempre nas obras memorialísticas, uma expressiva
seleção das lembranças de Cascudo.
Outra importante característica é perceber que todos estes livros
memorialísticos foram escritos depois de 1968, ou seja, Cascudo já estava
com 70 anos, e escreve suas memórias para estas tivessem sua assinatura e o
peso de sua autoridade intelectual , como se assim fosse possível preservar
sua imagem do atrito do tempo, garantir sua própria marca autoral na fixação
de sua trajetória como homem e como intelectual e revestir com sua própria
autoridade de etnógrafo nesses anos já respeitado nacional e
internacionalmente na versão que dá de si mesmo.
É importante chamar a atenção para o fato, muito expressivo, de que num
momento particularmente tenso e conflitivo para a sociedade brasileira – o
final dos anos 60 -, Cascudo, que convém não esquecer foi o coordenador do
integralismo no nordeste na década de 30 e sempre manteve a marca de um
pensamento fortemente conservador em sua visão de mundo, em seus escritos e
em sua inserção na sociedade, parece querer isolar-se da cena pública, e
fechar-se em sua casa para escrever suas memórias.
Como o título da pesquisa, “O encantamento do passado”, sugere, utilizando,
aliás, uma expressão do próprio Cascudo, é possível atribuir à escrita – e
em especial à escrita autobiográfica - um certo poder de encantamento, uma
vez que a palavra escrita parece ter o dom de suspender o tempo, de
cristalizar o vivido, de encantar o passado e de eternizar o que é
manuscrito e publicado. Não sem motivos Jacques Le Goff, afirma que:
“O conceito de memória é crucial”[13]. Le Goff sustenta que o “uso
das letras foi descoberto e inventado para conservar a memória das
coisas. Aquilo que queremos reter e aprender de cor fazemos redigir por
escrito a fim de que o que se possa reter perpetuamente na sua memória
frágil e falível, seja conservado por escrito e por meio de letras que
duram para sempre. Como sabemos, toda memória humana é instável e
maleável, enquanto que a memória das máquinas se impõe pela sua grande
estabilidade, algo semelhante ao tipo de memória que representa o livro”.
A “fragilidade da memória individual é maior
do que a coletiva. A imprensa revoluciona, embora lentamente, a memória
ocidental. (...) Com o impresso não só o leitor é colocado em presença de
uma memória coletiva enorme, cuja matéria não é mais capaz de fixar
integralmente, mas é freqüentemente colocado em situação de explorar textos
novos. Assiste-se então à exteriorização progressiva da memória individual;
é do exterior que se faz o trabalho de orientação que está escrito no
escrito.”[14], continua a
argumentar Le Goff.
Constatamos que essa forma de registrar através da escrita é o que Cascudo
cuidadosamente faz: escreve livros memorialísticos no final de sua vida, com
70 anos.
Então podemos levantar a hipótese que Cascudo estava criando, ao escrever
livros memorialísticos, o seu lugar de memória, consagrando este lugar, pois
como Nora afirma:
“Se habitássemos ainda nossa memória, não
teríamos necessidade de lhe consagrar lugares.” [15]
Um exemplo muito importante da preocupação de
Cascudo em deixar sua persona devidamente construída está num artigo,
publicado num número especial da revista Província em 1968, ano da
comemoração dos cinqüenta anos da atividade de Cascudo como escritor, e que
intitula-se “Um Provinciano Incurável”, onde ele diz:
“Nasci na Rua da Virgens e o Padre João
Maria batizou-me no Bom Jesus das Dôres, Campina da Ribeira, capela sem
torre mas o sino tocava nas Trindades ao anoitecer. (...)
Nunca pensei em deixar minha terra.
Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade.
Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do
Mar das Estrelas, dos morros silencioso. Assombrações. Mistérios. Jamais
abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas.
Indagações. Confidências que hoje não tem preço. Percepção medular da
contemporaneidade. Nossa casa no Tirol hospedou a Família Imperial e
Fabião das Queimadas, cantador que fora escravo.(...) Filho único de
chefe político, ninguém acreditava no meu desinteresse eleitoral.
Impossível dividir para mim conterrâneos em cores, gestos de dedos,
quando a terra é uma unidade com sua gente. Foram os motivos de minha
vida expostos em todos os livros. Em outubro de 1968 terei meio século
nessa obstinação sentimental.”
Esta citação revela quem era Cascudo de acordo
com o próprio autor. Ele a escreve num momento de consagração de sua vida e
nos mostra como gostaria de ser visto. Nela podemos perceber que Cascudo
sublinha sua origem sertaneja, e a pertença a uma linhagem de homens de bem.
É nítida também sua identificação com a cidade de Natal, relação essa com o
Rio Grande do Norte que Cascudo sempre fez questão de frisar. Em alguns
livros até mesmo chega a assinar “Luís Natal”.Como o próprio título
do artigo menciona, é um “provinciano incurável”. Ao mesmo tempo em
que Cascudo sublinha suas preferências, na qual sua opção apolítica é
mencionada, percebemos alguns silêncios, pois Cascudo foi chefe do movimento
integralista e possuía íntima relação com os militares nos anos 60. Traços
fortes de seu conservadorismo.
História e memória coletiva
A memória é uma dimensão fundamental também nos livros de história de Câmara
Cascudo, pois neles pretende dar forma a uma memória coletiva. No livro
intitulado História do Rio Grande do Norte, que Cascudo publicou em
1955, o autor define que, para ele, o ofício do historiador é essencialmente
o de informar e, portanto, o texto do historiador deve ser construído sob a
forma de narrativa, sistematizando informações. O problema central que
Cascudo identifica para o fazer historiográfico é o da verdade. Para que o
historiador esteja comprometido com a verdade, com a transmissão de
informação verídica ao leitor, ele não deve jamais seguir um modelo de
história interpretativa, como veremos a seguir.
A maior paixão do autor era pelo tempo pretérito, tanto por fazer folclore e
estar sempre resgatando e traduzindo nossa cultura popular, quanto por fazer
história. Por muitos anos foi professor de História no Ateneu Norte Rio
Grandense, e em suas palavras “Queria saber a história de todas as coisas
do campo e da cidade”.[16]
A história, na obra de Cascudo, foi por nós classificada em cinco grupos de
escritos.[17] Em primeiro lugar, sua produção
voltada para a história em geral, e, particularmente, à história do Brasil.
Em segundo lugar, seus escritos de história local e regional, dedicados à
história do Rio Grande do Norte e da cidade de Natal. Em terceiro lugar,
seus escritos biográficos de personalidades ilustres tanto do Rio Grande do
Norte, como nacionais. Também encontramos, em quarto lugar, a história nos
seus livros memorialísticos, e por último, num quinto grupo de trabalhos
seu, nos livros em que Cascudo escreve sobre a “história das coisas miúdas”,
a micro-história, o que para ele não são escritos historiográficos, mas sim
estudos etnográficos e etnológicos como a História da Alimentação no
Brasil[18], Jangada[19],
A Rede de dormir[20],
entre outros.
Para Câmara Cascudo a história pode ser pedagógica, e o é, de forma muito
particular, em suas biografias exemplares. Nelas o autor nos mostra que a
história é mestra da vida, assim como Cícero antes já dizia,
retratando a vida de pessoas exemplares e servindo como modelos a seguir.
Mas a principal característica da história apontada por Cascudo é que ela
deve ser sempre informativa. Quando diz estar escrevendo história em suas
obras de História do Brasil, de história regional ou de história local,
Cascudo adota a noção de que o historiador não deve interpretar, provar,
julgar ou concluir coisa alguma: deve apenas narrar para informar, pois a
interpretação leva à confusão entre dados históricos e a opinião pessoal do
historiador. A interpretação também leva ao julgamento do passado, o que
para Câmara Cascudo é imperdoável. Assume, portanto uma postura positivista
em relação ao papel da história e do historiador, uma vez que pretende
chegar à verdade dos fatos e considera essa verdade como um dado, e não como
uma construção do historiador. Em seu livro Dois Ensaios de História,
no qual o autor discute o acaso ou a intencionalidade no descobrimento do
Brasil, aparece um exemplo dessa nossa constatação:
“Não me convenci desses antecedentes, no
exame demorado ás PROBANZAS DEL FISCAL, discutidas pelo Professor Duarte
Leite, num exaustivo processo de confrontação onde a verdade deve
emergir, forçosa e unicamente, da harmonia de depoimentos prestados
pelos pilotos e capitães (...) Como fui advogado, sei como conseguir a
prova concreta da causa, o fato jurídico, aceitando ou contrariando
narrativas testemunhais, sentido-as na legitimidade da expressão,
imagens indiscutíveis da exatidão ou da fraude, com as agravantes da
premeditação”.[21]
Nas palavras de Cascudo: “Pareceu-nos
essencial divulgar o conhecimento do Passado tendo pouco interesse na
fixação de comentários pessoais, sempre discutíveis. Procura-se, na forma
interpretativa, explicar a razão de acontecimentos e desenhar a psicologia
dos homens que estiveram à frente dos sucessos antigos. Certamente, não é
possível essa explicação, que o bizantino Procópio dizia ser ‘os secretos
motivos da ação’, porque o documento é suscetível de substituição. E não
sabemos se expressa realmente o ângulo verídico dos fatos.”[22]
Cascudo faz história para “corrigir” o erro que todos os historiadores
cometem: a interpretação. Mas nós historiadores sabemos que a interpretação
é algo inerente ao fazer história, pois quem escreve é um ser-humano, com
suas paixões e emoções, seu ponto de vista.
Para Cascudo, o historiador tem que se dedicar a um trabalho de
sistematização e narração de fatos históricos, e tem como objetivo principal
informar o leitor do que realmente aconteceu. Este historiador está
comprometido com uma concepção de verdade positiva, a verdade como dado. A
história é concebida como um milagre da ressurreição do passado:
“(...) Deputado Provincial no biênio
1888/89, João Onofre sabia, como hoje saberão ainda três homens: -
Felirito Elísio, no jardim do Seridó, Cipriano Santa Rosa, do Acari e
Romão Filgueira, em Mossoró, narrar e ressuscitar
os fatos pretéritos. Creio dever – lhe, nos meus onze anos atônitos, as
primeiras ondas da paixão pela História, seus detalhes, minúcias,
recortes, episódios”.[23]
Com essa concepção de história Cascudo escreve
seus livros, e fundamenta sua autoridade histórica numa forma peculiar de
convivência. Ele narra a história do lugar em que vive. O tempo passado do
Rio Grande do Norte está contido no tempo presente, tempo em que vive
Cascudo, ainda que essa presença seja transcendente ou supra-real. As
lacunas desse tempo passado, que o habitante comum do Rio Grande do Norte
não é capaz de preencher, são preenchidas por Cascudo, que para isto está
habilitado tanto por ser letrado e dominar o “método histórico”, quanto por
ter sido nascido e criado no espaço cuja história escreve. Sua trajetória
individual e sua memória pessoal, familiar e de nordestino legitimam seu
fazer historiográfico, portanto. Por essa razão Cascudo nunca escreveu uma
História da cidade de São Paulo, ou do Rio Grande do Sul, porque escreve uma
história que se legitima sobre aquilo que é o solo de sua memória.
Com essa concepção positivista de história :“a História não
confidencia suas escolhas nem delega aos vivos o direito de prejulgar – lhe
o veredictum. Ninguém sabe qual a página que ficará. Não há poder
humano capaz de escolher seu lugar na História. Nenhuma assembléia,
congresso erudito, associação de sábios, conselho de sumidades, derrota a
imortalidade que a História dedica aos que marcou em seu juízo
supremo.
Muitos homens ficam imóveis e graves durante anos e anos, em seu altar
histórico.
Um documento ignorado tempos longos, amarela para derrubar o ídolo, como
um raio despedaça um boneco de barro. Por isso, chamava a História, Luz da
Verdade, luz veritatis...
No movimento abolicionista, os chefes dos clubes, os jornalistas,
os diretores da opinião, os tributos que empolgavam O POVO, vêm na
frente das citações como bandeiras flamejantes abrindo a marcha da
procissão. Muitos nomes escuros desapareceram e se apagaram embora, em dadas
ocasiões fossem vibrantes e rebocadores como uma trovoada de verão. Durante
um momento, certos homens foram decisivos, completos, incrivelmente úteis.
Depois ninguém se recorda mais”.[24]
Nessa citação transparece a agonia de Cascudo com os silêncios injustos que
a história pode cometer. Ao mesmo tempo em que a história pode levar um
homem à glória, ela também o pode destruir. Tudo depende dos documentos que
serão achados pelos historiadores do futuro, segundo Cascudo, se o
historiador não interpretar, não interferir. E por isso também a importância
de registrar a memória, pois se nada de concreto for achado ninguém “recordará”.
E com o medo do esquecimento que esta concepção carrega consigo, como já foi
dito inúmeras vezes, Cascudo prepara sua memória. Mas a contradição
fundamental que mais me surpreendeu foi a de um historiador convicto de que
podemos encontrar a verdade ao mergulharmos nos arquivos, não obedecer a
essa convicção em relação a sua própria. Cascudo “acredita” que fazer
história é ressuscitar a verdade, mas com a história de sua própria vida ele
faz o contrário: ele forja a verdade, ele constrói a memória que ele
desejaria ser encontrada. Ao selecionar a memória de sua vida, Cascudo está
interferindo na matéria prima de sua história. O que se evidencia é que
Cascudo adivinhando os processos de como é feita a história já deixa pronta
à memória o que deseja que se recorde.
Os arquivos, são para Cascudo, a “casa da História”[25], segundo o artigo escrito por Câmara Cascudo
titulado "A Função dos Arquivos". Neste artigo Cascudo nos apresenta sua
visão sobre os arquivos históricos e qual é o papel desses documentos para
estudos futuros. O destino dos arquivos é guardar os elementos para a
posteridade com o intuito de se construir a memória dos acontecimentos. É
nos arquivos que o historiador encontrará o que precisa para relatar o
passado construindo o futuro. Entretanto devemos mencionar que este não é o
trabalho para qualquer historiador, afinal este tem que ser honesto
suficiente para não interpretar os fatos modificando-os. Nos arquivos estão
as informações que Cascudo considera como o elo entre o passado e o futuro,
e cabe àquele que os interpretar que sejam honestos para que a posteridade
possa ter mais proveito.
Anna Stegh Camati, Doutora em Língua e Literatura Inglesa, reflete
sobre os mecanismos da memória, e chega a conclusões que legitimam meu
argumento:
“A memória voluntária é processada no
intelecto, que devido a sua tendência utilitária, está sempre censurando
novas experiências e rejeitando todos os elementos que não se encaixam
em suas idéias pré-concebidas. Esse mecanismo censor, no entanto, é
necessário porque a realidade seria intolerável se tivéssemos que
enfrentá-la como ela realmente é. Esta é a razão porque a nossa mente
está sempre adaptando, falsificando e forjando falsas evidências para
ajustar nosso organismo as condições de sua existência. Esta adaptação é
realizada através da memória voluntária, que recupera as impressões do
passado que foram formadas consciente ou inteligentemente. As imagens
selecionadas por esse processo são tão arbitrárias quanto as da
imaginação, e igualmente remotas da realidade[26].”
A autora, que no momento dedica-se ao estudo da
memória, nos mostra que esses mecanismos de seleção que todos fazemos
constantemente, não passam de defesa. É uma explicação que faz da ação
contraditória de Cascudo algo não tão absurdo. É claro, que o fato de
Cascudo ter escrito e publicado livros de memória foi o que o fez ser
contraditório, pois a autora refere-se ao ato natural de estarmos sempre
editando nossa memória.
Cascudo escreve inúmeras crônicas. Dedica-se ao ofício de cronista durante
50 anos, tempo em que foram diariamente publicadas, em vários órgãos da
imprensa de Natal, em especial no jornal A República. A maioria delas
são somente biografias de velhas figuras, que foram compiladas e
transformadas recentemente em livros por iniciativa do Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Norte: até agora já foram publicados 6 volumes,
mas 4 outros já estão a caminho.
A finalidade desses escritos ele mesmo define para seus leitores: “As
coisas desapareceram. A memória ficou. Esse livro ressoa como a voz da
História trazendo a Justiça de Deus.”[27]
Sua preocupação com o esquecimento é algo notável, e uma constante em sua
obra que será analisada na próxima etapa do trabalho. Cabe aqui destacar
apenas que Câmara Cascudo parece sugerir ser, através de seus escritos,
instrumento da divindade para preservar da morte definitiva o que pode
permanecer vivo pelas artes da memória.
Conclusão
As conclusões do trabalho são apenas provisórias. No entanto cabe destacar,
desde já a contradição entre, por um lado, uma memória, que para ele, é
resgate e recuperação do passado e parece ter uma função fundamentalmente
interpretativa, uma vez que pela seleção que opera, pela versão que fixa e
pelo julgamento moral que leva consigo se erige como instrumento, nada
menos, que da justiça divina, vencendo assim a própria morte e, por outro
lado, uma história que afirma sua isenção interpretativa e seu caráter
meramente informativo.
Apesar dessa aparente imensa contradição na história de vida de Cascudo e na
história que escreve, sabemos que todos nós estamos preocupados com os
nossos “cinco minutos de fama”. E, talvez com a preocupação de uma
perenidade maior e mais controlada por ele mesmo para sua memória pessoal e
para a memória daqueles que considera exemplares Cascudo, um intelectual do
Rio Grande do Norte, atuando numa cidade distante dos centros urbanos mais
populosos e de ressonância para o país como um todo, autor de um número tão
grande de publicações, no final de sua vida decide construir sua persona
para seus futuros leitores.
Foucault aponta:
“A História, como se sabe, é efetivamente
a região mais erudita, mais informada, mais desperta, mais atravancada
talvez de nossa memória; mas é igualmente a base a partir da qual todos
os seres ganham existência e chegam à sua cintilação precária.”[28]
Esse talvez seja o resumo do argumento
principal que justifica seu esforço memorialístico e forneça a chave de
leitura de suas memórias pessoais, das memórias exemplares que escreve e da
memória coletiva que pretende deixar para a posteridade. Ao desenvolvimento
desse argumento, referido à base empírica constituída por seus livros de
memórias, pretendo dedicar meu trabalho futuro na etapa final do projeto.
BIBLIOGRAFIA:
CASCUDO, Luís da Câmara. Dois Ensaios de História. Natal, Imprensa
Universitária do Rio Grande do Norte, 1965.
_______________________. _Civilização e cultura. Pesquisas e notas de
etnografia geral. Rio de Janeiro, José Olympio; Brasília, INL, 1973.
_______________________. "A Função dos Arquivos". Separata da Revista do
Arquivo Público, ano 7 a 10, n.9-12. Recife, Arquivo Público, 1952-1956.
_______________________. História do Rio Grande do Norte. Rio de
Janeiro, Ministério da Educação e Cultura, 1955.
_______________________. Na Ronda do tempo: Diário de 1968. Natal:
EDUFRN, 1998.
_______________________.. O Livro das Velhas Figuras (vol. 4).Natal,
Ed. Do IH6/RN, 1978.
_______________________. O Livro das velhas Figuras (vol. 1) Natal,
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_______________________. O tempo e eu. Confidências e proposições.
Natal, Imprensa Universitária, 1968.
_______________________ “Um provinciano incurável.”IN: Revista Província
n 2. Natal, UFRN/IHGRN, 1998 (re-edição do número especial sobre Câmara
Cascudo, editado em 1969).
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo, Martins Fontes,
2002.
GOFF, Jacques Le. “Memória” IN: Enciclopédia Einaudi, vol.1 Imprensa
Nacional da Casa da Moeda, 1984.
NEVES, Margarida de Souza. “Artes e ofícios de um ‘provinciano incurável’”
IN Projeto História n.24. São Paulo, Educ, 2002, p.65 a 86.
NORA, Pierre: “Entre a Historia e a memória. A problemática dos lugares” IN:
Revista Projeto História n°10, São Paulo, Educ, 1981.
SOUZA, Itamar de. Câmara Cascudo – Vida e Obra. Ed. O Diário, Natal,
1998.
[1]
Jacques Le GOFF “Memória” IN: Enciclopédia Einaudi, vol.1
Imprensa Nacional da Casa da Moeda, 1984, p.14.
[2] Idem, Ibidem, p.16.
[3] Idem, Ibidem, p.11.
[4] Pierre NORA: “Entre a
Historia e a memória. A problemática dos lugares” IN: Revista Projeto
História n°10, São Paulo, Educ, 1981.
[5] Idem, Ibidem, p. 8 e 9.
[6] Jacques Le GOFF “Memória”
IN: Enciclopédia Einaudi, vol.1 Imprensa Nacional da Casa da
Moeda, 1984, p.13.
[7]89 CASCUDO, Luís da Câmara.
Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo, 1988.
[10] CASCUDO, Luis da Câmara.
Na Ronda do tempo: Diário de 1968. Natal: EDUFRN, 1998, p.16.
[11] Luís da Câmara CASCUDO:
O tempo e eu. Confidências e proposições. Natal, Imprensa
Universitária, 1968, p.17.
[12] Idem, Ibidem, p.15
[13]: Jacques Le GOFF
“Memória” IN:
Enciclopédia Einaudi, vol.1 Imprensa Nacional da Casa da Moeda,
1984, p.11.
[14] Idem, Ibidem, p. 34 e 35.
[15] Pierre NORA: “Entre a
Historia e a memória. A problemática dos lugares” IN: Revista Projeto
História n°10, São Paulo, Educ, 1981, p.8.
[16] CASCUDO, Luís da Câmara.
“Um provinciano incurável.”IN: Revista Província n 2. Natal,
UFRN/IHGRN, 1998 (re-edição do número especial sobre Câmara Cascudo,
editado em 1969). p.5
[17] NEVES, Margarida de
Souza. “Artes e ofícios de ‘um provinciano incurável’” IN Projeto
História n. 24. São Paulo, Educ, 2002.
[18] CASCUDO, Luís da Câmara.
História da Alimentação no Brasil. São Paulo, Companhia Editora
Nacional, 1967.
[19] Idem, Jangada: uma
pesquisa etnográfica. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e
Cultura, 1957.
[20] Idem, Rede de dormir:
uma pesquisa etnográfica. Rio de Janeiro, Ministério da Educação e
Cultura, 1959.
[21] CASCUDO, Luís da Câmara.
Dois Ensaios de História Natal, Imprensa Universitária do Rio Grande
do Norte, 1965, p.3.
[22] Luís da Câmara CASCUDO:
História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro, Ministério da
Educação e Cultura, 1955, p.7.
[23] CASCUDO, Luís da Câmara.
O Livro das velhas Figuras (vol. 1) Natal, Ed. do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1974, p.92.
[24]CASCUDO, Luís da Câmara.
O Livro das Velhas Figuras (vol. 4).Natal, Ed. Do IH6/RN, 1978, p.
27.
[25] Idem, "A Função dos
Arquivos". Separata da Revista do Arquivo Público, ano 7 a 10,
n.9-12. Recife, Arquivo Público, 1952-1956, p.1.
[26] - CAMATI, Ana Stegh.
“Peça de memória”. IN Portfólio. SL, Sutil Companhia de Teatro,
[2001]. p.7.
[27] CASCUDO, Luísa da Câmara.
. O Livro das Velhas Figuras (vol. 4).Natal, Ed. Do IH6/RN, 1978,
p. 90.
[28] FOUCAULT, Michel. As
palavras e as coisas. São Paulo, Martins Fontes, 2002, p.300.
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