CÂMARA CASCUDO,
Luís da: Rede de dormir – uma pesquisa etnográfica. Rio de Janeiro,
FUNARTE/INF, Achiamé; Natal, UFRN, 1983. (2ª ed.) - por Isabel Tebyriçá
Epígrafe:
"Temos de habituar-nos a considerar como fontes de História os mesmos
fenômenos cotidianos de nossa vida popular, cujo valor testemunhal de modo
algum é inferior às crônicas e documentos antigos. \Da ornamentação de um
pórtico e de um instrumento agrícola, da forma de uma casa e boina de uma
mulher, pode-se haurir mais informação de História da Civilização que de
muitos molhos de atas dos nossos arquivos." Bruno Schier – Aufbau der
Deutschen Volkskultur, 334.
"Dire ce qu’on sait, tout
ce qu’on sait, rian que ce qu’on sait." Marcel Mauss – Manuel d’Etnographie,
7.
Ementa: É um livro de
pesquisa, Cascudo detalha bastante suas fontes, autores famosos, outros nem
tanto além de muitos testemunhos pessoais. As epígrafes, que só não aparecem
nos dois últimos capítulos, são ilustrativas do tema a ser tratado no
capítulo a seguir. Na primeira parte, Cascudo traça toda a trajetória da
rede de dormir, desde sua origem, da origem de seu nome e de seus primeiros
registros. A segunda parte do livro, intitulada "Antologia" é uma compilação
de textos referentes à rede escritos por diversos autores.
Prefácio:
Epígrafe: "Familiarizados com
os objetos vistos todos os dias, não os admiramos mais e nem sonhamos em
pesquisar-lhes as origens." (Cícero)
O prefácio se intitula
"Prefácio à vista" e data de 1957.
Interlocuções:
Casemiro de Abreu (p.11),
Castro Alves (p.11), Ferreira Itajubá (p.12), Senador Pedro Velho (p.12),
Francisco José Fernandes Pimenta (p.12), índios Caraíba (p.14), índios Tupi
(p.14), Jagunços de Antonio Conselheiro (p.14), Jesuíno Brilhante (p.14),
Lampião (p.14), Menendez Pelayo (p.14), Clio (p.15), Von Martius (p.15),
Bruno Schier (p.16), Cícero (p.17), Karl von den Steinen (p.17), Snethlage
(p.17), Bates (p.17), Spruce (p.17), Chandless (p.17), Wallace (p.17),
Sarmiento (p.17).
- Cascudo inicia o prefácio com uma análise
a respeito do valor dado aos objetos do cotidiano, dizendo que nunca
pensou "menino-menino", que a rede de dormir valesse imagem". Prossegue
valorizando a rede como costume nacional, formadora de homens fortes e
sadios.
- Conclui seu prefácio remetendo-se a BRUNO
SCHIER que levanta a tese da análise de objetos do cotidiano ser tão
valiosa quanto documentos como indicadores da ciência etnográfica.
Afirma que em se tratando de Antropologia Cultural brasileira
"deveríamos honesta e logicamente ficar nos ensaios sobre aspectos e
assuntos sem o gostoso atrevimento da generalização da paisagem total".
No entanto, resolveu viver SARMIENTO: "Las cosas hay de hacerlas, mal,
pero hacerlas.", razão pela qual diz ter tentado uma viagem ao redor da
rede de dormir.
Nota:
Epígrafe: "Valha-me Deus! É
preciso explicar tudo." Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas
Interlocuções:
Sergio Buarque de Hollanda,
Cecilia Meireles, Manuel Bandeira, Gilberto Machado, Alceu Maynard Araújo,
Paulo de Carvalho Neto, Rafael Jijena Sanchez, José Felipe Costas Arguedas,
Vicente T. Mendoza, Teobaldo Leivas Diaz, Miguel Acosta Saignes, Guilherme
Santos Neves, João Dornas Filho, Rosário Congro, Almirante César Augusto
Machado da Fonseca, João Emerenciano, João Batista Cascudo, Artur Ferreira
da Silva, Raimundo Nonato da Silva, Aderbal de França, A. da Silva Mello,
Carlos Drummond de Andrade, Herman Lima, Olegario Mariano, Adelmar Tavares,
Jaime de Altavila, J. Freire Ribeiro e Jayme dos G. Wanderley.
- Esta nota encerra o livro e nela Cascudo
nos informa a maneira como procedeu para a realização do mesmo.
- Em 1957, Assis Chateaubriand lhe teria
encomendado uma pesquisa sobre o papel da Mula na civilização
brasileira, mas por dispor de pouco material a respeito do assunto,
Cascudo, numa conversa com Anteógenes Chaves teria surgido com a rede
como tema para tal pesquisa.
- Ressalta a existência de registros breves
sobre a rede e que contou com três anjos da guarda na realização da
pesquisa: o CÔNEGO DR. JORGE Ó GRADY DE PAIVA, do Rio de Janeiro; o
Professor HENRIQUE MARTINEZ, de Recife e a srta. PILAR GARCIA DE DIEGO,
de Madri.
- Conta ter derramado "cartas
perguntadeiras" pelo Brasil e por toda América Latina e que pediu aos
poetas versos sobre a rede e com tamanha colaboração "a pesquisa não
podia ficar pobre com tanto ouro recebido"
- Encerra a nota, datada do Dia de Todos os
Santos, em Natal, em 1957, como não podia deixar de ser:
"Tal qual encontraram,
Tal qual encontrei;
Assim me contaram,
Assim vos contei...."
Capítulo I:
Epígrafe: "Um exemplo
frisante para ilustrar este inconveniente (os insetos) está no fato de Ter
sido o habitante das florestas tropicais sul-americanas quem inventou a maca
(rede), que também em francês e inglês ainda hoje é designada com a palavra
nu-aruaque amáka." Karl von den Steinen – Entre os Aborígenes do Brasil
Central
Interlocuções:
Karl von den Steinen (p.19),
Pero Vaz de Caminha (p.19, 21), Padre Manoel da Nóbrega (p. 19, 20), José de
Anchieta (p.19, 21, 32), Pero de Magalhães Gandavo (p.19, 24), Gabriel
Soares de Souza (p.19, 21), Padre Fernão Cardim (p.19, 24), Brandônio
(p.19), Frei Vicente de Salvador (p.19), Hans Staden (p.20, 23), Jean de
Lery (p. 20, 23, 24), Frei André Thevet (p.20, 23, 25), Frei Claude de
Abbeville (p.20, 24), Jean Nieuhof (p.20, 22), Fernão de Magalhães (p.20),
Antonio Pigafetta (p.20), João Batista Ramuzio (p.21), Jorge Marcgrav
(p.22), Frei Bartolomé de Las Casas (p.25, 27), Frei Ivo d’Evereux (p.25),
Stradelli (p.25), Padre Cristóvão de Gouvea (p.26), Froger (p.26), Henry
Koster (p.26, 33), Cruz e Silva (p.26), Lord Macartney (p.27), Gregorio de
Matos (p.28), Gilberto Freyre (p.28, 29, 30), Padre Antonio Vieira (p.28),
Amadeu Amaral (p.29), Fernades Vieira (p.30), André Vidal de Negreiros
(p.30), Dom Antonio Felipe Camarão (p.30), Henrique Dias (p.30), Barléu
(p.30), John Luccock (p.30, 32, 33), Saint-Hilaire (p.32, 34), Alcântara
Machado (p.32), John Mawe (p.33), Herbert H. Smith (p.33, 42), Von Martius
(p.33, 34), Simão Machado (p.35), Montaigne (p.35), Visconde de Mauá (p.36),
Augusto Severo (p.36), Pedro Velho (p.36), Pinheiro Machado (p.36), Rudyard,
Kipling (p.36), Antonio Nicácio Fernandes Pimenta (p.36), Coronel Felipe
Ferreira (p.37), Capistrano de Abreu (p.38), Guilherme dos Santos Neves
(p.39), Alceu Maynard de Araújo (p.39), Amadeu Amaral (p. 40), João Dornas
Filho (p.40), Nelson Vianna (p.40), Oliveira Lima (p.40), Lauro Freire
(p.41), Max Schmidt (p.41), Lysias Rodrigues (p.43), Almirante Cesar Augusto
Machado da Fonseca (p.43).
- Conta ter sido PERO VAZ de CAMINHA
padrinho da rede, tendo sido o primeiro a registrá-la em língua
portuguesa. Denomina-a rede, devido a à semelhança com a rede de pescar,
sem perguntar-lhe o nome aos donos da casa.
- Aponta a rede, depois da farinha de
mandioca, como o primeiro elemento de adaptação, acomodação e de
conquista do português.
- A manufatura das redes era ofício feminino
e sofreu influência dos jesuítas. A rede era uma herança familiar e sua
indústria era doméstica e tradicional. Era como se fosse parte do corpo
do indígena, do mameluco e do sertanejo, sempre os acompanhando.
- Também era usada na América Espanhola e
foi exportada para Ásia e África.
- Os portugueses criam, inspirados nas
liteiras, a rede como meio de transporte, de uso muito comum entre
senhores e senhoras. A cama na Casa Grande era uma obrigação protocolar,
dormia-se na rede.
- O clima da região Sul não era tão
favorável à rede. Além disso, a partir de 1830, com a influência da moda
francesa, a rede começa a sofrer uma campanha de descrédito, por estar
associada à barbárie. Cascudo diz que usamos ao contrário a frase de
Montaigne: "que chacun appelle barbarie ce qui n’est pas de son usage".
Em 1850 começa o declínio do uso da rede para dormir no Sul, restando
apenas a rede para repousar, comum no Rio, em São Paulo e no Espirito
Santo. O costume foi sustentado pelo Norte.
- Os negros de senzala nunca se adaptariam à
rede, dormiam no chão. Senhoras brancas tentavam convencer a negra a
usar a rede, principalmente após a maternidade, quando a usavam desde
meninos, os negros permaneciam fiéis até o fim. Era comum dizer-se que
"negro que não zela sua rede, não zela seu amo"(p.37), além disso
acreditava-se que o uso da rede amansava o escravo.
- Relata o uso da rede na Marinha de Guerra
e Mercante brasileira de 1826 a 1954.
Capítulo II:
Epígrafe: "Tu embalaste, em
eras transmontadas, frutos, inda imaturos, de três raças!" Jayme dos G.
Wanderley
Interlocuções:
Jayme dos G. Wanderley
(p.47), J. Lopez de Velasco (p.47), Fernandez de Oviedo (p.47), Garcilaso
(p.47), Cieça (p.47), Fernandez de Salazar (p.47), Lerdo (p.47), Malaret
(p.47), Frei Bartolomé de Las Casas (p.48 ), Von Martius (p.48),
Saint-Hilaire (p.48), Ruth Benedict (p.49), Karl von de Steinen (p.50),
Erland Nordenskiöld (p.50), Padre W. Schmidt (p.50), Alfred Métraux (p.50,
51), W.E. Safford (p.51), Koch-Grünberg (p.51), Prof. Miguel Acosta Saignes
(p.51), Teobaldo Leivas Diaz (p.52), Henry Wassén (p.53), Prof. Paulo de
Carvalho Neto (p.53), Prof. R. Jijena Sánchez (p.54), José Felipe Costas
Arguedas (p.54), Prof. Vicente T. Mendoza (p.56) e Alexandre von Humboldt
(p.57).
- A difusão e a presença da rede na América
Latina.
- A respeito da migração da rede, Cascudo
afirma: "Justamente uma das alucinações em Antropologia Cultural é
precisar-se como, quando e porque funciona o mecanismo das adições,
permutas e modificações. Por isso a marcha da rede, do Sul para o Norte
ou vice-versa, não foi feita e creio que jamais o será. O indígena, como
qualquer outro ser humano, imita, mas a imitação encontra as barreiras
do costume que é lei severa pela reiteração coletiva."
- O capítulo é composto pelas citações de
estudiosos latino-americanos que registraram o uso da rede em seu local
de origem. Cascudo pouco escreve.
- Falando da presença da rede em Honolulu,
Cascudo critica o cinema e afirma ser ele um "Assombroso divulgador de
pilhérias dogmáticas em matéria de História e Etnografia". Fala da
substituição da fonte de informação do "Meninos, eu vi" de Juca Pyrama,
que baseava-se em um testemunho ocular presente, pela tela do cinema.
Capítulo III:
Epígrafe: "Les indigènes du
Sud tropicale ont inventé lle hamac." Robert Lowie – Manuel d’Antropologie
Culturelle
Interlocuções:
Robert Lowie (p.59), Paul
Rivet (p.59,60), Lund (p.59), Peter H. Buck (p.60), Canals Frau (p.60),
Tomás Pompeu Sobrinho (p.62), Jorge de Menezes (p.62), Codrington (p.62),
Hagen (p.62), Pratt (p.62,63), Ralph Linton (p.63), Paul Radin (p.64),
Gabriel Soares de Souza (p.64), Jean de Lery (p.64,69,70,72), Stradelli
(p.65,69), Pero Vaz de Caminha (p.65, 73), Haberlandt (p.66), Padre Manoel
de Nóbrega (p.67,68), Papa Pio XII (p.67), P. Vidal de La Blache (p.68),
Hans Staden (p.69,72), Stradanus (p.69), Frei André Thevet (71, 72), Von
Martius (p.72), Montaigne (p.72), Nieuhof (p.72), Marcgrav (p.72), Abbeville
(p.72), Batista Caetano (p.72).
- Inicia o capítulo com o seguinte
parágrafo: "Nos domínios etnográficos e mesmo da antropologia cultural,
não é mais conveniente a indicação peremptória da origem de uma
instituição, instrumento, costume ou objeto. As interdependências são
imprevisíveis e complexas. Tornam-se mais difusas e vagas na proporção
que investigamos as raízes. Tenho saudades do tempo em que era natural
colocar-se um letreiro em cima de cada coisa, historiando-lhe o
nascimento." (p.59).
- Fala a respeito da origem do povoamento do
continente americano.
- Afirma não haver registro antigo da rede
fora da América. O português haveria levado a rede para a Índia e para a
África.
- Não sabe precisar porque a rede surgiu na
América e não na África, apesar das semelhantes condições ambientais.
Aponta os deslocamentos migratórios dos povos americanos como possível
fator para a invenção da rede. "A presença de todos os fatores
estabelece a invenção numa e não noutra paragem, possuidora de
igualíssimo ambiente ecológico. E ninguém pode fixar o movimento inicial
que redundou num conhecimento "novo" e sua aplicação subseqüente,
distinções que Ralph Linton fazia entre "descoberta" e "invenção"
(p.63).
- A origem da rede também não é clara e
Cascudo discute a possível influência das redes de pescar e de capturar
pássaros.
- Registra o costume de se dormir ao lado de
uma fogueira e afirma o significado do fogo, um aliado divino que além
de proporcionar calor e vigilância era também um elemento defensivo de
alto poder mágico.
- Lista os materiais usados na fabricação
das redes: cipós, tecidos de palmeiras e por fim o algodão. Registra um
pequeno vocabulário do uso da rede na língua nhengatu e atesta a
veracidade da informação com a seguinte frase: "São depoimentos com meio
século de convivência local" (p.72).
Capítulo IV:
Epígrafe: "Respecto a lo que
es evidente por si mismo, debemos indicar que no hay nada más engañoso que
la observación directa" A.L. Kroeber – Antropologia General
Interlocuções:
A.L. Kroeber (p.75), José
enrique Rodó (p.75), Sir Arthur Keith (p.75), Padre Pablo Martinez del Rio
(p.75), Montaigne (p.81), Erland Nordenskiöld (p.82), George Peter Murdock
(p.82).
- Na introdução do capítulo Cascudo discute
a ciência: "Uma condição essencial para antropologistas e etnógrafos é
ser um bom poeta. Mesmo que não façam versos. Sem a poesia seus
trabalhos perdem, no plano da comunicação fiel e positiva, a graça
verídica, a possibilidade justa, a idéia da vida, valendo pela glacial
explanação verídica, relatório de autópsia. Jamais darão, fora dos
iniciados sonolentos que, em última análise renunciaram ao direito
natural da vibração e do entusiasmo, nada mais do que um frio parecer de
comissão de tomada de contas em balanço do banco de crédito hipotecário.
Não me digam que a Ciência é nua e despida de ornatos e galanterias
porque a Deusa Minerva, que devia entender dela, despojando-se das
vestes alguma vez o fez para disputar um concurso de beleza" (p.75).
Afirma que a Ciência lenta e pesada não gera entendimento a ninguém, só
aos iniciados.
- Fala sobre dormir e as crenças sertanejas
a respeito do sono, momento onde a alma passeia sem as restrições do
corpo.
- Afirma que quando se visita grutas
pré-históricas "a emoção imediata é de certa atualidade" e diz que "o
vestígio humano é de assombrosa identidade". Lembrar do conceito de
atualidade do milênio: semelhança da vida do homem pré-histórico com o
de hoje.
- Afirma novamente não haver registro da
rede antes da descoberta da América.
- No fim do capítulo, aponta como
contraprova de caráter geral para o surgimento da rede na América o
livro de Peter Murdock, "Nuestros contemporáneos primitivos, onde este
registra o uso do leito de dezoito povos e apenas os Witotos do noroeste
do Amazonas usavam rede. Depois, sentencia: "Não se discute a origem
histórica em face do documentário conhecido.".
Capítulo V:
Epígrafe: "Leurs licts sont
d’un tissu de cotton, suspendus contre le toict comme ceulx de nos navires.
Montaigne – Essais, XXX.
Interlocuções:
Montaigne(p.85,87),
Saint-Beuve (p.85), A.L. Kroeber (p.85, 90), Assuramaia (p.85), Santa Tereza
de Jesus (p.85), Quevedo (p.86), Jean de Lery (p.86), Larousse (p.87),
Albert Dauzet (p.87), Gabbriel Gravier (p.87), Ferdinand Denis (p.87),
Candido Jucá Filho (p.87), Gillaume Le Testu (p.88), Gabriel Soares de Souza
(p.89), Cardeal de Toledo (p.89), Pigafetta (p.90), Fernandez de Enciso
(p.90).
- Fala sobre sua mania de perguntar sobre os
hábitos humanos e afirma que "no mais das vezes nada é mais iluminativo
que um pormenor, concordem ou não mais de dois mestres ou o detalhe seja
"suficiente".
- Registra que os marinheiros do século XV e
XVI dormiam em camas.
- Menciona a primeira divulgação gráfica da
rede vista por olhos europeus no livro "Fête Brésilienne" de 1551.
- A difusão da rede teria sido feita também
pelos navegadores franceses, que em suas muitas viagens pelo país
conheceram o objeto e o adotaram em seus navios, por serem bem mais
práticas que seus catres. Mas, ao fim do capítulo, Cascudo afirma: "O
pai da maca é o espanhol".
Capítulo VI:
Epígrafe: "Quem desatará este
intricadíssimo e enredadíssimo nó?" Santo Agostinho – Confissões, Livro II,
Capítulo X .
Interlocuções:
Santo Agostinho (p.93),
Victor Hugo (p.93), A.Cohn (p.93), Segovia (p. 93), Augusto Malaret
(p.94,95), V.W. Kurrelmayer (p.95), V. Sãenz del Prado (p. 94), Albert
Dauzat (p.94, 101), Lenz (p.94), Rufino (p.94), J.Cuervo (p.94), Vicente
Garcia de Diego (p.94), J. Corominas (p.94,95), Pedro Henrique Ureña (p.94),
Lokotsch (p.94), Bartolomé de Las Casas (p.94), Fernández de Oviedo (p.94),
Gracilaso (p.94), Pedro Martir de Anglaria (p.94), Sebastian de Covarrubias
(p.94), Diez (p.94), Mayer-Lübcke (p.94), Littré (p.94), Korting (p.94),
Menedez Pelayo (p.96), Gonzalo Hernández de Oviedo y Valdés (p.96), Prof.
Enrique Martinez (p.97), Rodolfo Garcia (p.100), Estevão Rito (p.100),
Cestmir Loukotka (p.102), Artur Posnanski (p.102), Max Schmidt (p.102),
Krickeberg (p.103), Von Martius (p.103), Ehrenreich (p.103).
- Discute a origem da palavra "hamaca",
designação espanhola de rede, e lista os estudiosos que afirmavam ser
caraíba, aruaque e até alemã. Cascudo dá seu testemunho pessoal "de
experiências feito", para ele maca é "a maleta retangular de couro,
(....), cama suspensa de marinheiro e também leito portátil."
- Adentra a questão da origem caraíba ou
aruaque da rede e segue com diversas citações relativas a esse assunto.
Fala dos caraíbas e dos aruaques e por fim diz ser mais lógico que os
tupis tivessem conhecido a rede através do aruaques.
Capítulo VII:
Epígrafe: "We have
incorporated their name into our geography, and some of their inventions –
at least we obtained them from these Carib-cannibals – are past and parcel
of our daily life; the hammock and the canoe." Paul Radin – Indians of South
America.
Interlocuções:
Paul Radin (p.105), Rodolfo
Garcia (p.105,106), Pigafetta (p.105), Robert Lowie (p.106,114), Van
Eickstedt (p.106), Karl von den Steinen (p.108,109), Padre Wilhelm Schmidt
(p.108,109,110), Koch-Grünberg (p.109), Miguel Acosta Saignes (p.109),
A.Métraux (p.109,113), Ehrenreich (p.110), Morisot (p.110).
- Levanta novamente a questão da rede ser de
origem caraíba ou aruaque.
- Discorre a respeito do material usado
pelas duas tribos para a fabricação da rede, cita diversos registros e
por fim, afirma que a rede foi "um presente da terra fecundada", ou seja
nem caraíba, nem aruaque e nem tupi, a rede vem com a América.
Capítulo VIII:
Epígrafe: "Que tais redes são
cômodas o dirão todos os que as experimentarem, principalmente no verão."
Jean de Lery.
Interlocuções:
Jean de Lery (p.117),
W.Krickenberg (p.117), Rafael Bluteau (p.117), Virgílio (p.118), Von Martius
(p.119), Imperador Constante II (p.122), André Cavalcanti de Albuquerque
Maranhão Arcoverde (p.122), Jesuíno Brilhante (p.123), Coronel Cristalino
Costa (p.123), Juan Sorápen de Rieros (p.124), Dr. Antonio Castillo de Lucas
(p.124,125), Gonçalo Fernandes de Oviedo (p.124), Francisco José Fernandes
Pimenta (p.124), Xano (p.125), Raimundo Nonato da Silva (p.125), Giuseppe
Pitré (p.125), Leonardo Mota (p.126), José Nascimento de Almeida Prado
(p.126), Prof. Alceu Maynard de Araújo (p.129).
- Lamenta a perda de muitas superstições
ligadas à rede, "Nestes últimos cinqüenta anos as abusões dos "antigos"
sofreram impactos definitivos e desagregadores. Já não mais guardam os
preceitos que eram patrimônio ágrafo e venerando, intrinsecamente unido
às coisas que conhecemos do mundo. As infiltrações solapadoras são
diárias e poderosas, abrangendo áreas incontáveis e profundidades
imprevistas.".
- Lista uma série de superstições relativas
à rede, e os vários usos da rede no vocabulário popular.
- Descreve a diferença das redes dos
senhores e as dos escravos. "A soberania dos fazendeiros compreendia a
rede como expressão legítima da própria grandeza.".
- Fala que o enterro-de-rede ainda resiste
pelo interior do Brasil, e descreve minuciosamente o procedimento.
Capítulo IX:
Interlocuções:
Otacílio Negreiros Pimenta
(p.133), Aderbal de França (p.134), Raul Figueiredo Rocha (p.135), Tomás
Pompeu Sobrinho (p.135), Francisco Valadares Filho (p.135), Cid Craveiro
Costa (p.135), José Franklin Casado de Lima (p.135), Valmir Meneses Prata
(p.135), Benedito Afonso de Lima (p.136), Artur Dias de Paiva (p.136),
Francisco Cronja da Silveira (p.138), Von Martius (p.138,140), Adão Oliveira
Medeiros (p.138), Clóvis Penna Teixeira (p.138), José Bezerra Duarte
(p.138), Célio Fonseca (p.138), R. Nobre Passos (p.138), Adolfo Frejat
(p.139), Erland Nordenskiöld (p.139), Jean de Lery (p.139), Max Schmidt
(p.139), Stradelli (p.139).
- Fala a respeito da indústria de redes, do
preço cobrado, da resistência das "redeiras". Afirma não ser possível
quantificar as pessoas que trabalham na fabricação de redes, pois ainda
existem muitas fábricas particulares.
- Lista informações sobre as fábricas de
rede em cada estado, dados obtidos junto à Inspetoria Regional de
Estatística Municipal no Rio Grande do Norte.
- Remete-se à fabricação indígena da rede e
suas diferenças em cada tribo.
- Afirma que "a economia da rede,
decorrentemente, é uma das mais distributivas e humanas, merecendo
valorização atente e carinhosa daqueles que, unidos no poder, desejem
governar com justiça".
Capítulo X:
Interlocuções:
Humboldt (p.144,145), Karl
von de Steinen (p144,150), Tenente-coronel Manoel Teófilo da Costa Pinheiro
(p.144), Erland Nordenskiöld (p.144,145,146,148), Oviedo (p.144,147),
Cristóvão de Savedra (p.144), Hiriarte (p.144), Laureano de La Cruz
(p.144,147), La Condamina (p.144), Ribeiro de Sampaio (p.145), Alonso
Herrera (p.145), Joseph Gumilla (p.145), Von Martius (p.145), Felippo
Salvatore Gilij (p.145), Max Schmidt (p.145), Alcide D’Orbigny (p.145),
Antonio de Herrera (p.146), Heródoto (p.148), Henry Koster (p.149),
Alcântara Machado (p.149), Stradelli (p.149).
- Fala sobre o uso do mosquiteiro e das
diversas outras maneiras usadas pelos índios para espantar os insetos.
- Discorre sobre a origem do mosquiteiro,
citando registros diversos a seu respeito.
- Comenta o fato de não ser muito comum o
uso do mosquiteiro em regiões européias que também padecem com o inseto,
como Portugal e Espanha, embora o registro seja antigo, feito por
Heródoto em Euterpe XCV.
- Diz não ter encontrado em nenhuma fonte
documental ameríndia que sido o indígena o inventor do mosquiteiro e
menos ainda seu divulgador.
Antologia:
Dicionários e enciclopédias
- Os registros de rede, maca e hamaca nos
dicionários.
O uso da rede, do berço e da
cadeira de balanço e as suas vantagens
A.da Silva Mello
- Silva Mello responde a uma solicitação de
Cascudo, que lhe havia perguntado se a rede afinal vale para o repouso
ou se é prejudicial à saúde. Afirma que sim e discorre sobre a
importância do balanço para o sono. Texto de setembro de 1957.
A rede de dormir
Adelmar Tavares
- Poema sobre a rede dedicado a Cascudo.
Datado de setembro de 1957.
A velha rede do engenho
Olegario Mariano
- Soneto de 1940. Cascudo relata a história
do soneto que lhe foi contada pelo próprio autor. Foi escrito na ocasião
da visita de Mariano ao antigo engenho de seu tio.
Iniciação Amorosa
Carlos Drummond de Andrade
Redes e redeiras de São Paulo
Sergio Buarque de Hollanda
- Texto a respeito da fabricação de redes em
São Paulo, reproduzido com autorização do autor, mas Cascudo não
registra de onde retirou o texto.
Poema da minha rede
Jayme de Altavila
Rede de Dormir
Jayme dos G. Wanderley
Cântico em louvor da
rede-de-dormir
- Freire Ribeiro
A preguiça da raça
Jayme Griz
A rede, a grande inimiga da
civilização nordestina
Vicente do Rego Monteiro
- Texto que critica a rede, que teria
ensinado ao índio a indolência. O autor afirma que "o amor à casa é o
segredo da civilização", e como as redes eram adaptadas ao estilo nômade
dos índios, não permitiam a civilização.
Usos e costumes
mato-grossenses
Cid Craveiro Costa
- Texto sobre o uso da rede no Mato-Grosso.
Numa rede
Gilka Machado
Toada de vissungo para
carregar defunto na rede
Dulce Martins Lamas
Sobre a rede-de-dormir
José Carvalho
- Texto reproduzido do livro "O Matuto
cearense e o Caboclo do Pará" de 1930, que fala sobre o uso da rede nos
dois estados.
Madorna de Iaiá
Jorge de Lima
A nossa cela
Segundo Wanderley
- Poema retirado do livro "Poesias" , 3ª
edição, mas Cascudo afirma que os versos devem ser de 1880.
Rede
Jorge Fernandes
Na roça
- Cascudo retirou o poema do livro de Melo
Moraes Filho, "Serenatas e saraus, III", e diz não haver referência de
autor.
A sesta
Gonçalves Crespo
- Poema retirado do livro "Miniaturas" de
1870.
A roça
Fagundes Varela
- Retirados de Obras Completas, sem data.
Na rede
Casemiro de Abreu
Henry Koster gostava da rede
- Texto retirado do livro "Travels in
Brazil", o título foi dado por Cascudo.
A rede dos Bakairi
Karl von den Steinen
- Texto relativo à rede da tribo dos
baikiri, que Cascudo afirma ter colaborado muito para o debate acerca
dos caraíbas e aruaques.
Variações sobre a rede
Rachel de Queiroz
- Texto reproduzido com autorização da
autora, mas Cascudo não precisa de onde ele foi retirado.
Vocabulário da rede
- Não há registro de autor, deve ter sido
escrito pelo próprio Cascudo. É um pequeno glossário sobre a rede.
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